domingo, 29 de maio de 2022

Tic, Tac.

 De repente, fico intrigada como o tempo passa e nós não ligamos de fato o que isso quer dizer.

O tempo não é nosso inimigo. 

Tampouco nosso amigo.

Ele só é. Só existe. Só vai colhendo minuto por minuto, segundo por segundo, os momentos que vivemos nesta terra, respirando este ar, sendo tocados pelo sol e pela noite, e por todos os que amamos durante esta passagem. Alguns deles se vão antes do que gostaríamos e forma-se um vazio no peito, uma busca por propósito e razão. Não há. Há apenas a vida sendo a vida, portanto, finita.

Não tenho problema com a morte. Ela existe, ela faz parte do plano carnal. Mas como sou uma pessoa, também estou compelida a não gostar da sua presença. Ela já levou amigos, primos, avós, sogra - pessoas que conheci e até hoje não me conformo que tenha passado tanto tempo sem a companhia deles pelos caminhos que cruzei.

Essa é a vida.

Talvez a gente aprenda a dar valor aos momentos que acordamos e passamos minutos e horas convivendo com aqueles que amamos, sendo cúmplices de suas próprias jornadas.

Eu estou com quase 40 anos. Não pareço, dizem. Também não sinto o peso da idade, mas esta é a prova de que o tempo passa independente da minha aprovação ou atenção. Ele segue sendo ele mesmo, imutável e, às vezes, cruel, mas sem surpresas de sua natureza.

É hora de deixá-lo fluir, em sua palidez, em sua fome de infinidade e doando a nós, pobres mortais, seu sabor de plenitude.

Aproveite-o.