segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Todas as belezas da vida não são melhores do que dormir.

 Confissão: eu amo dormir. Amo. Melhor sensação depois de comer. Amo comer. Mas amo mais dormir. E a razão é simples: passei a dar valor depois que ele me foi privado. E esta privação acontece numa época paradoxal: o início da maternidade. 

Parece bobeira, mas confia: não é. Ainda mais quando se é mãe de mais de uma criança, e sem rede de apoio. Dormir era um momento que acontecia raramente. Banho também, admito, mas vamos manter o assunto primário. E ele é: mães não dormem. A maternidade te suga desde a gravidez, com enjôos, tornozelos inchados, hormônios complemente desmiolados, descontrole da bexiga, listas e listas desconfortos físicos. Aí ele nasce (um episódio nada delicioso também), e nos primeiros anos de vida do bebê é apenas um malabarismo entre amá-lo, mantê-lo em perfeitas condições e se manter minimamente viva para seguir em frente. 

Às vezes me pego relembrando momentos de quando meus dois primeiros filhos eram pequenos e eu estava grávida do terceiro: como eu sobrevivi? Como eu dei conta SOZINHA? Eu morava longe para um caralho de todo mundo. Morava num prédio sem elevador. Meu marido trabalhava 12 a 14 horas por dia. De novo, me pergunto: como consegui?

Eu ia na minha mãe de ÔNIBUS. Com duas crianças pequenas e GRÁVIDA. Como?

Eu nem sei como dei conta, sério: entre cuidar da casa e de duas crianças pequenas estando GRÁVIDA foi um dos momentos mais NO LIMITE que tive na vida. E isso que não tínhamos nenhum super conforto financeiro - tudo era feito na ponta do lápis. Então, nada de comida feita, nada de Ifood, nada. Nem TV a cabo eu tinha. A Peppa no YouTube me salvou várias vezes para eu poder fechar os olhos por cerca de 8 minutos. 

Irmão, eu ia ao mercado com duas crianças pequenas e grávida. A Lívia, que deveria ter um ano e meio, eu carregava no sling, enquanto levava o Samuel de 3 anos no carrinho. Não era longe, graças a Deus, mas tinha subidas e descidas pra matar a mãe do coração. Voltava com sacolas em todos os lugares que conseguia. De novo, como? Não sei. Deus, provavelmente. Deus e seus anjos, não tenho muitas explicações.

Foi duro, mas, vivendo aquela rotina, embora desgastante, eu claramente não achava nada demais. Era minha responsabilidade e bem sabemos que nós, Capricornianos, levamos isso bem a sério. Mas eu estava exausta. Era uma condição que foi se tornando natural no meu dia a dia. E, convenhamos: isso não é nada natural, muito menos normal.

Aí hoje eles são maiores, não precisam tanto de mim para a maioria das coisas, e dormir é meu estado de nirvana budista. É onde normalmente as minhas melhores ideias nasceram, e também onde encontrei meu respiro mais íntimo. E não escondo: valorizo a boa noite de sono por causa dos perregues de incontáveis noites mal dormidas que vivenciei no passado. "Ah, faz parte da maternidade". Faz, e odeio que faça. Sei que a maioria das mulheres vivencia sozinha este período. "Ah, isso torna as mulheres guerreiras". Tá, mas não. Não estou em guerra com ninguém. Sou mãe só, gente. Não sou uma super-heroína. Superei desafios que não queria ter vivenciado, não romantizo em nada o sofrimento. Não acredito que sofrimento ensine merda nenhuma. Sofrimento nos faz odiar mais ainda o sofrimento e suas causas. E a romantização da maternidade é uma das causas deste mal.

A única lição que levo é a minha apreciação do sono. Ele é sagrado, ame-o.

Eu com certeza o amo.

domingo, 2 de janeiro de 2022

O que quero de 2022?

 Cá estou eu em um novo ano, em um novo ciclo. 2022. Uau. Passei Pelos anos 80. 90. 2000. Agora estou em 2022. São quase 4 décadas. Uau.

Hoje é dia 2 de janeiro de 2022. Dia 14, faço 39 anos. Muitas vezes, eu esqueço da minha idade. Deve ser porque não me acho muito adulta - se bem que às vezes, me acho até adulta demais, principalmente quando me vejo rodeada de pessoas muito mais jovens do que eu (e não digo crianças, adulto também, porém, jovens - sabe, que nasceram no final dos anos 90, época essa onde eu estava saindo do ensino médio). No entanto, na maior parte do tempo, sou adulta por obrigação - sabe, porque sou mãe, tenho filhos e há contas no meu nome. Entediante, não é? Trabalho, casa, algum mínimo passeio que não envolva aglomerações, contas, contas e contas. A aventura da vida não deveria envolver tantos boletos, mas enfim. 

Mas aí este ano eu resolvi ser menos adulta. Não que eu vá negligenciar meus filhos ou não seguir minhas responsabilidades. Apenas aderi ao maravilhoso mundo de ser mais divertida. Fazer as coisas mais comuns com mais diversão. Deixar alguns sensos sociais pra lá e me orientar pela minha própria bussóla de contentamento. 

Como este blog que ninguém lê. Não me importo. Eu gosto de cuspir palavras no papel, deixando às claras tudo o que sou. Essa sou eu, gente. Sem pôr, nem tirar.

Para seguir a meta do "menos adulta", fiz listas de objetivos - dos mais bobocas aos maiores sonhos, onde Deus habita (em todos). Medito toda manhã e toda noite, o que dá uma canseira na minha companheira de longa data, a ansiedade. Evito reclamar. Sério, parece coisa de doido, mas isso melhorou 200% a minha ansiedade. Faço coisas que me deixam felizes, coisas bobas mesmo: música, filmes, vídeos engraçados, livros e HQs novos. Visualizar meu futuro e brincar com ele na minha mente. Me acalenta o coração. E, por incrível que pareça, me dá segurança.

É assim qe seguirei. Leve. Livre. Já falei essas duas palavras aqui no blog - e elas retraram exatamente as características dos meus dias como a adulta menos adulta deste Brasil - quiçá do mundo.