sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Quando a esperança te abraça



    Estava à esquina da boa fase da vida, sentia. Restavam alguns poucos passos para uma era de regozijo. Ah! Nenhuma preocupação. Nenhum problema. Em breve, não iria mais reconhecer o gosto amargo do sufoco. Em breve, esqueceria que um dia viveu algum momento sem o som de música, risadas e estalidos do sonho. O sono seria vibrante. A comida seria fervorosa. Até mesmo a água estaria em pé de igualdade com sua clareza. Tudo seria leve. Tudo seria livre. Paz mental por paz de espírito, numa escalada de bel-prazeres infinitos, sem enfastiar, sem nausear, sem privações.

    Sim, estava logo ali. Pertinho. A uma esticada de braço, a um passo mais alargado. Sentia seu calor lhe cercando, sentia a doçura do seu aconchego. Estava se avizinhando, tão próximo que conseguia entender suas nuances tão secretas, tão distintas, tão… Desejadas.

    Tinha certeza de sua adjacência. Durava dias, mas a sentia no hoje. Durava meses, mas a convidava para participar do seu cotidiano.

    Durava anos, mas a apresentava como sua melhor notícia. Sua melhor amiga.

    Sua parte perdida.

domingo, 29 de maio de 2022

Tic, Tac.

 De repente, fico intrigada como o tempo passa e nós não ligamos de fato o que isso quer dizer.

O tempo não é nosso inimigo. 

Tampouco nosso amigo.

Ele só é. Só existe. Só vai colhendo minuto por minuto, segundo por segundo, os momentos que vivemos nesta terra, respirando este ar, sendo tocados pelo sol e pela noite, e por todos os que amamos durante esta passagem. Alguns deles se vão antes do que gostaríamos e forma-se um vazio no peito, uma busca por propósito e razão. Não há. Há apenas a vida sendo a vida, portanto, finita.

Não tenho problema com a morte. Ela existe, ela faz parte do plano carnal. Mas como sou uma pessoa, também estou compelida a não gostar da sua presença. Ela já levou amigos, primos, avós, sogra - pessoas que conheci e até hoje não me conformo que tenha passado tanto tempo sem a companhia deles pelos caminhos que cruzei.

Essa é a vida.

Talvez a gente aprenda a dar valor aos momentos que acordamos e passamos minutos e horas convivendo com aqueles que amamos, sendo cúmplices de suas próprias jornadas.

Eu estou com quase 40 anos. Não pareço, dizem. Também não sinto o peso da idade, mas esta é a prova de que o tempo passa independente da minha aprovação ou atenção. Ele segue sendo ele mesmo, imutável e, às vezes, cruel, mas sem surpresas de sua natureza.

É hora de deixá-lo fluir, em sua palidez, em sua fome de infinidade e doando a nós, pobres mortais, seu sabor de plenitude.

Aproveite-o.


domingo, 13 de março de 2022

Salve a cor da culpa

Há uma marca de nascença que levamos conosco e eles odeiam.

É uma distinção do que somos e pela história, ela não é pálida e nem válida — é vívida de outras cores não-brancas e estas cores carregam ancestralidades sem Pai Nossos.

Eu sou a menina indígena criada num círculo burguês, num bairro caríssimo em São Paulo onde os olhos e dedos eram apontados quando eu passava. Meu lugar era diariamente questionado com inúmeros convites de “o elevador de serviço é por ali” — sendo que morei no mesmo condomínio por 25 anos. Nenhum dos meus irmãos foi convocado à invisibilidade como eu fui.

E eu não entendia.

Mas eu sabia que era diferente. Era escura. Peluda. Cabelos e olhos cor de breu. Boca grande e nenhum nariz de boneca. Era o oposto a todo o resto que me cercava. Me fiz invisível por algum tempo, mas os insultos me encontravam. “Sua mãe te adotou pra ter uma escrava particular”. “Você é uma preta fedida”. “Sua gente deveria estar na senzala”. “Sua mãe sabe que tem uma macaca como filha?”.

Vergonha. Raiva. Mas principalmente, medo.

Ninguém, em escola particular nenhuma, ensinou aos filhos dos burgueses sobre racismo. Não é do interesse da classe dominante, vinda e empoderada pela herança colonial escravocrata, que seus sucessores sejam empáticos com a criadagem. Nunca houve abolicionismo. Houve apenas uma falsa concepção de liberdade — e esta liberdade teve (e ainda é) tomada à força, todos os dias, quando um preto se levanta contra o que o oprime.

Antes de vir morar (novamente) na quebrada com meus filhos e marido, vivi num bairro nobre, num condomínio basicamente habitado por brancos e amarelos. Lá, o segurança do mercado seguia meu filho (pardo) pelos corredores. Lá, a polícia achava suspeito meus filhos de uniforme escolar (público). Lá, o segurança do metrô se sentia ameaçado pelo meu primogênito (de 9 anos) de chinelos. “O que você está fazendo aqui, moleque?, ele disse, quando meu menino ousou dar 3 passos a frente de mim. Não o olhei nos olhos: agarrei Samuel e o coloquei atrás de mim, sabendo que eu não era da cor certa para repreendê-lo. “Me desculpe, senhor, ele está comigo”, foi o que disse, ainda sem olhá-lo. Medo puro, dosado do instinto de defender minha cria.

O segurança bufou e nos mandou ir.

E fomos. Pra nunca mais voltar (de chinelo).

Queria que meus filhos pudessem viver em paz, mas sei que serão sempre os questionáveis. Os ameaçadores. Os culpados. Dói. É doloroso ensiná-los como funciona o nosso país e, não atrás, o mundo. Mas é preciso. A pele é nítida, o berço é de Ogum e Tupã. E será do nosso sangue que virá nosso triunfo. E para isso, os tambores têm que ser tocados. Há fogo para ser lançado no inimigo. Eu quero ser livre, não ter medo de morrer pela bala da Rota ou violentada por homens que não me veem como uma pessoa -ou destinada pelo sistema a nos rastejar no chão, girando, exaustos, o eixo do capitalismo, dia após dia, sem parar.

Eu sou presença de todos que vieram antes de mim, de todos os gritos entalados de sofrimento e desesperança. Eu vou sim te encher o saco do teu racismo. Vou sim defender minha vida que vale menos por eu ser mais escura do que você, na imensa balança da sociedade. A Justiça social é aqui e agora, na quebrada onde ando sem olhares tortos, mas há a bússola atenta dos fardados que buscam sangue não-azul.

Enquanto nós apenas buscamos o direito à vida.

O símbolo da paz é preto e leva pinturas ancestrais.

Seu deus é preto.

O mundo foi parido de uma mulher indígena.

Salve!


sexta-feira, 4 de março de 2022

Sabonete, xampu e prantos



Há algo de errado.

Parece que sempre há algo de errado. Comigo, normalmente. Totalmente. Completamente. Sim, comigo. Um dia após o outro, a sensação de falha, de falsa, de febre em lugares sombrios do meu pensamento. De ardor por uma vida que não me pertence porque não há possibilidades de eu ser do jeito que eu gostaria de ser.

E como eu gostaria de ser? Leve. Talvez livre, de uma liberdade de saber o significado dos seus propósitos existenciais e se gratificar com isso. Apaixonada por mim mesma. Pelos outros eu já sou; por mim mesma, é insustentável, dados os meus erros que viram atributos e os demais atributos servem apenas de descaso de copo.

E a maternidade só serviu para eu seguir apaixonada pelos outros (filhos) e substituir o Eu pelo nós, sendo que este nós tem uma porcentagem bem baixa de…Mim.

Não se engane, eu amo meus filhos. Mas não amo a maternidade. Não amo essa obrigação quase genética em não se permitir ser humana. Mas há o dever e principalmente, o querer de criar criaturinhas pequenas a virarem pessoas leves e livres, como poucas vezes na vida eu fui, e me recordo, é bom. Quero esta sensação para eles, vinda de todo respeito e amor por si mesmos e pelos outros.

É o que todos os pais querem. Alguns, mais que os outros. Alguns, trabalhando pra isso mais do que os outros. Mas a verdade é que não há um manual e assim, cada dia é um free style.

Hoje, como muitos, foi o meu. Por alguma bobagem, lá estava eu, carregando todo o fardo da maternidade sozinha. Por que a gente faz isso? É irracional. Não tem razão. Porque a gente, em teoria, não está sozinha, mas faz a maior parte da corrida sem ajuda, sem ninguém ter ensinado como ser mãe, a alimentar os filhos, a instruí-los, a, de fato, participar de sua criação no cotidiano, saciando suas necessidades.

Por isso digo que há algo errado em mim. Grandemente. Ou sou uma máquina. Não, não sou. Máquinas não sentem sono e meu maior desejo nesta vida é dormir por umas 12 horas seguidas. Ou a maternidade nos implica a sermos 100% disponíveis e inabaláveis, quando no fundo (e na superfície) somos apenas mulheres com muito peso nos ombros.

Carregar o mundo nos ombros é como respirar.

É o que toda mulher sabe fazer, ou aprende a fazê-lo, sem o menor entusiasmo — se bem que algumas, também, aprendem a desfrutar os passos pesados como um sinal de força; a maioria, no entanto, apenas se conforma e se acostuma — embora entorte sua perspectiva da vida e obrigue seus passos a diminuírem o ritmo: parar nunca fora uma opção.

Parece que eu me conformei, ou uma parte de mim se adaptou a isso e a outra ruge sua fúria em longos banhos com sabonete, xampu e prantos.

Aliás, está na hora do meu.

Quando será que as mães serão mais de si mesmas de novo?

quinta-feira, 3 de março de 2022

As linhas não se escrevem



A linha está lá, mas ela não se faz enxergar.

Não conduz a lugar nenhum, mas também não dispersa o caminho.

Ela existe sem existir. Ela permite sem aprovar. Ela prova a cuidadosa fábula da vontade de chegar a um destino desconhecido. E mesmo com dúvidas, ela contempla a certeza de ser.

Das linhas, nascem as palavras— uma após a outra, envolvem-se em pequenas (ou grandes) peculiaridades e desatinam em emoções infinitas. Elas não se explicam, elas só são. Existem. Persistem. Talvez, irão evoluir. E um dia, certamente, morrem.

É o dia do testamento. Da eternidade não traduzida. Da singularidade de escrever o ditado pelo coração, sem Norte, sem Sul, de um caminho de linhas tortas, rotas indefinidas e sentimentos em erupções.

Escrever é a posse do tormento. E o tormento, agora, só quer paz.

quarta-feira, 2 de março de 2022

O gosto da vida



Quando você deixa a frustração entrar, ela azeda seu gosto pela vida. Ela empedra o perfume da sua esperança, empoeira os pergaminhos onde listou suas coisas favoritas. Ela trancafia seus melhores e mais autênticos sorrisos e os substitui por suspiros e olhares perdidos. Às vezes, consegue emplacar uns palavrões nas suas frases de agradecimento, colocar cascalhos nas suas horas de vôos e a regar com enxofre aquele solo à beira da infinidade da alma, onde semeou seus sonhos.

Claro, ela faz parte da vida, nada mais natural. Uma hora ou outra ela bate à porta, mas o que dizem é que, na idade adulta, você consegue driblar alguns dos seus talhos e aprender com as coordenadas errôneas que usou. Mas quando ela se alimenta daquela sua sutil sensação de fracasso que ocasionalmente aflora naqueles momentos onde mede com a pesada régua comunitária seu progresso na vida com a de todos que aparecem no seu feed social, ela tende a alastrar doses venenosas por todos os seus cenários de sol. Dali a pouco torna-se imperatriz de um território que antes era só seu, cujas cores e deleitosos aromas da autenticidade eram as anfitriãs e agora, é moradia de um céu desbotado e odor insípido.

Você conhece bem essa dor que esvazia sua bagagem; sabe como ela, traiçoeiramente, zune mentiras ao pé do ouvido durante à noite, onde sua guarda está solitária e desprevenida portanto, receptível. Sem quase perceber, ela instala residência e segue com a rotina de enfraquecer todas as suas defesas, misturando-se com o habitual cronograma e fazendo-se de visita prazenteira - quando, é claro, não é.

Ela com certeza não é.
E você sabe disso. Você começa a ouvir ruídos quando ela chia no ouvido; percebe que o papel de parede não é do seu gosto e o muda - coloca sua música favorita para tocar. Sente-se à vontade para sorrir sem motivo. Nota que seus pés estão pesados demais para voar, e gentilmente os liberta das amarras.

Ah, a leveza de ser. Tudo bem deixar a frustração entrar - e tudo bem que ela prolongue a estadia. Porque você sabe que, cedo ou tarde, voltará a reinar no seu universo e ela, que muitas vezes abocanha velhas crenças, vai perdendo o jeito de te dominar e de tirar o seu gosto pela vida.

E o gosto não é nada azedo, não é?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Todas as belezas da vida não são melhores do que dormir.

 Confissão: eu amo dormir. Amo. Melhor sensação depois de comer. Amo comer. Mas amo mais dormir. E a razão é simples: passei a dar valor depois que ele me foi privado. E esta privação acontece numa época paradoxal: o início da maternidade. 

Parece bobeira, mas confia: não é. Ainda mais quando se é mãe de mais de uma criança, e sem rede de apoio. Dormir era um momento que acontecia raramente. Banho também, admito, mas vamos manter o assunto primário. E ele é: mães não dormem. A maternidade te suga desde a gravidez, com enjôos, tornozelos inchados, hormônios complemente desmiolados, descontrole da bexiga, listas e listas desconfortos físicos. Aí ele nasce (um episódio nada delicioso também), e nos primeiros anos de vida do bebê é apenas um malabarismo entre amá-lo, mantê-lo em perfeitas condições e se manter minimamente viva para seguir em frente. 

Às vezes me pego relembrando momentos de quando meus dois primeiros filhos eram pequenos e eu estava grávida do terceiro: como eu sobrevivi? Como eu dei conta SOZINHA? Eu morava longe para um caralho de todo mundo. Morava num prédio sem elevador. Meu marido trabalhava 12 a 14 horas por dia. De novo, me pergunto: como consegui?

Eu ia na minha mãe de ÔNIBUS. Com duas crianças pequenas e GRÁVIDA. Como?

Eu nem sei como dei conta, sério: entre cuidar da casa e de duas crianças pequenas estando GRÁVIDA foi um dos momentos mais NO LIMITE que tive na vida. E isso que não tínhamos nenhum super conforto financeiro - tudo era feito na ponta do lápis. Então, nada de comida feita, nada de Ifood, nada. Nem TV a cabo eu tinha. A Peppa no YouTube me salvou várias vezes para eu poder fechar os olhos por cerca de 8 minutos. 

Irmão, eu ia ao mercado com duas crianças pequenas e grávida. A Lívia, que deveria ter um ano e meio, eu carregava no sling, enquanto levava o Samuel de 3 anos no carrinho. Não era longe, graças a Deus, mas tinha subidas e descidas pra matar a mãe do coração. Voltava com sacolas em todos os lugares que conseguia. De novo, como? Não sei. Deus, provavelmente. Deus e seus anjos, não tenho muitas explicações.

Foi duro, mas, vivendo aquela rotina, embora desgastante, eu claramente não achava nada demais. Era minha responsabilidade e bem sabemos que nós, Capricornianos, levamos isso bem a sério. Mas eu estava exausta. Era uma condição que foi se tornando natural no meu dia a dia. E, convenhamos: isso não é nada natural, muito menos normal.

Aí hoje eles são maiores, não precisam tanto de mim para a maioria das coisas, e dormir é meu estado de nirvana budista. É onde normalmente as minhas melhores ideias nasceram, e também onde encontrei meu respiro mais íntimo. E não escondo: valorizo a boa noite de sono por causa dos perregues de incontáveis noites mal dormidas que vivenciei no passado. "Ah, faz parte da maternidade". Faz, e odeio que faça. Sei que a maioria das mulheres vivencia sozinha este período. "Ah, isso torna as mulheres guerreiras". Tá, mas não. Não estou em guerra com ninguém. Sou mãe só, gente. Não sou uma super-heroína. Superei desafios que não queria ter vivenciado, não romantizo em nada o sofrimento. Não acredito que sofrimento ensine merda nenhuma. Sofrimento nos faz odiar mais ainda o sofrimento e suas causas. E a romantização da maternidade é uma das causas deste mal.

A única lição que levo é a minha apreciação do sono. Ele é sagrado, ame-o.

Eu com certeza o amo.

domingo, 2 de janeiro de 2022

O que quero de 2022?

 Cá estou eu em um novo ano, em um novo ciclo. 2022. Uau. Passei Pelos anos 80. 90. 2000. Agora estou em 2022. São quase 4 décadas. Uau.

Hoje é dia 2 de janeiro de 2022. Dia 14, faço 39 anos. Muitas vezes, eu esqueço da minha idade. Deve ser porque não me acho muito adulta - se bem que às vezes, me acho até adulta demais, principalmente quando me vejo rodeada de pessoas muito mais jovens do que eu (e não digo crianças, adulto também, porém, jovens - sabe, que nasceram no final dos anos 90, época essa onde eu estava saindo do ensino médio). No entanto, na maior parte do tempo, sou adulta por obrigação - sabe, porque sou mãe, tenho filhos e há contas no meu nome. Entediante, não é? Trabalho, casa, algum mínimo passeio que não envolva aglomerações, contas, contas e contas. A aventura da vida não deveria envolver tantos boletos, mas enfim. 

Mas aí este ano eu resolvi ser menos adulta. Não que eu vá negligenciar meus filhos ou não seguir minhas responsabilidades. Apenas aderi ao maravilhoso mundo de ser mais divertida. Fazer as coisas mais comuns com mais diversão. Deixar alguns sensos sociais pra lá e me orientar pela minha própria bussóla de contentamento. 

Como este blog que ninguém lê. Não me importo. Eu gosto de cuspir palavras no papel, deixando às claras tudo o que sou. Essa sou eu, gente. Sem pôr, nem tirar.

Para seguir a meta do "menos adulta", fiz listas de objetivos - dos mais bobocas aos maiores sonhos, onde Deus habita (em todos). Medito toda manhã e toda noite, o que dá uma canseira na minha companheira de longa data, a ansiedade. Evito reclamar. Sério, parece coisa de doido, mas isso melhorou 200% a minha ansiedade. Faço coisas que me deixam felizes, coisas bobas mesmo: música, filmes, vídeos engraçados, livros e HQs novos. Visualizar meu futuro e brincar com ele na minha mente. Me acalenta o coração. E, por incrível que pareça, me dá segurança.

É assim qe seguirei. Leve. Livre. Já falei essas duas palavras aqui no blog - e elas retraram exatamente as características dos meus dias como a adulta menos adulta deste Brasil - quiçá do mundo.