quinta-feira, 3 de março de 2022
As linhas não se escrevem
A linha está lá, mas ela não se faz enxergar.
Não conduz a lugar nenhum, mas também não dispersa o caminho.
Ela existe sem existir. Ela permite sem aprovar. Ela prova a cuidadosa fábula da vontade de chegar a um destino desconhecido. E mesmo com dúvidas, ela contempla a certeza de ser.
Das linhas, nascem as palavras— uma após a outra, envolvem-se em pequenas (ou grandes) peculiaridades e desatinam em emoções infinitas. Elas não se explicam, elas só são. Existem. Persistem. Talvez, irão evoluir. E um dia, certamente, morrem.
É o dia do testamento. Da eternidade não traduzida. Da singularidade de escrever o ditado pelo coração, sem Norte, sem Sul, de um caminho de linhas tortas, rotas indefinidas e sentimentos em erupções.
Escrever é a posse do tormento. E o tormento, agora, só quer paz.
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