segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Felix sit annus novus.

 Eu escrevo para ninguém - é algo pessoal, intransferível e sem prescrição. É algo que nasce, permanece e morre. E as mortes são rápidas, porém muitas vezes dolorosas. O luto se arrasta por horas ou dias, numa agonia de se respirar num ambiente rarefeito. Sufoca e abafa o sono, a fome e a sede, até finalmente imobilizar o corpo e a alma de todo e qualquer interesse pela vida.

O luto é pior do que a perda, penso. Não há preparo de como se habituar nessas situações. E quando há, nada do que foi ensaiado de fato acontece. É sempre uma sensaçào inédita que requer resposta igualmente inédita. 

E parece que a dor nunca irá embora.

Mas ela vai. Tudo sempre passa.

Então, vem o renascimento: começamos a perceber novamente as cores do céu. O gosto da água, o sabor das comidas. Os olhos dos que amados parecem faróis. O som do mundo é vívido, como deve ser.

E, sem notar, estou escrevendo de novo.

Como agora.

Este ano de 2021 foi de fúria e ruína, mas que foram necessárias para manifestar transformação. Quietude. Aceitação. Perceber que o que me é confortável não é obrigatoriamente o meu caminho de felicidade. E que ainda tenho tempo, não estou atrasada para nada. A vida é passagem de ida e todo dia o bilhete é renovado. Eu sei que faço o melhor que consigo, todos os dias, e o melhor nem sempre é produtivo - às vezes ele é se arrastar pelo dia e pegar no sono à noite. Nada é definitivo e levei disso uma lição: o sorriso da mente é revelado em corpo. É o que é. Sou o que sou. Tenho sorte - e muita. É fácil amar os dias ensolarados; há beleza em dias nublados e chuvosos. Deus habita em mim, como eu mesma. Meus sonhos são reais e são frutos da imaginação do Divino.

Confie em você, Rebeca. Confie em você, Leitor. Você está indo bem.

Que no próximo ano nós possamos ser mais gentis conosco. Que lutemos pelo o que é certo. Que Confiemos na vida. Que amemos os nossos. Que nos amemos, inteiros, completos, únicos, com todas as nossas arestas ásperas.

O melhor está por vir.

Obrigada. 


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